segunda-feira, 25 de julho de 2011

O cercado de casa

Mais uma manhã de segunda que o despertador me convida pra encontrar, quase curto depois daquele domingo tedioso, só não gosto porque ele está me obrigando a abandonar o conforto e calor do edredom. Levanto e olho pela janela a mesma vista de todos os dias, só com uma pitada a mais de neblina. Tomo o café tremendamente doce que meu pai costuma fazer e, por algum ímpeto quase inédito, resolvo dar uma volta no jardim, ainda com a xícara fumegante em mãos.
A grama, as pequenas árvores, arbustos, flores e até o fino poste de luz me trazem lembranças. A mais recorrente é um misto de tristeza e alegria, eu quase ouço o latido e as patas correndo e espalhando a folhagem pra depois encher minha roupa com marcas de terra. Aliás, até esqueci que estava apenas de pijama, cabelo e rosto um mais amarrotado que o outro, sem problemas apesar do cercado de casa ser bem aberto, pois aqui do lado só tem mato.
Um jorro de café quente espirra pra fora da minha boca, não pela excessiva temperatura, mas pela surpresa do que meus olhos focaram no meu campo de visão (e eu demoro alguns segundos pra compreender). O cercado estava destruído e grande parte caída em pedaços ao chão, não sei precisar se o impacto havia sido de dentro pra fora ou vice versa. No auge da curiosidade atravesso os escombros e vou à procura de um possível responsável.
Nunca reparei antes no bosque que se avizinha à minha casa, a mata mais espessa e variada do que eu poderia supôr. Ao longo do que parecia uma trilha, aparentemente causada pelo mesmo motivo do que quer que tenha derrubado minha cerca, as árvores estão aos pedaços e o que resta de seus troncos tremem de medo. Ou pode ser apenas o vento, que também suspira por aqui como se fosse algo vivo. Ou pode ser algo/alguém, reparo que a sua inspiração e expiração quase acompanham o ritmo das minhas.
A SILHUETA ASSUSTADORA, ENORME MOVE-SE EM MINHA DIREÇÃO SEM O MENOR AVISO VINDA DE TRÁS DAS ÁRVORES. Em meu desespero derrubo a xícara e... é tudo que consigo fazer, não corro, nem pisco e a respiração também paralisa-se.
É incrível, maravilhosamente belo e novo pra mim, nunca havia sonhado em ter a sorte de testemunhar tamanha preciosidade.
Não trata-se de um monstro de sete cabeças e sim de um indomado e selvagem sentimento.

Um comentário:

  1. NOSSA, FICOU MUITO FODA MUITO MUITO!
    FIquei tensa no finalzinho e curti muito a comparação *-* GENTE SÉRIO! Entrou pros meus preferidos que tu escreveu!

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