E eras depois voltarei a falar dos meus trabalhos na facul. Bom, estamos agora em agosto de 2008 e depois do primeiro semestre eu já me sentia mais confiante e queria ousar mais nas produções. E pra ajudar começamos a ter aula de adaptações históricas! Uma matéria e tanto pra quem gosta de épicos. Nosso próxio curta estaria bem longe disso.
E quem manjava muito de história e não podia deixar essa passar? A Bruna. Ela teve a idéia de adaptar pra um curta um pouco do que foi a época da inquisição. A idéia original, o argumento e até o roteiro em si ficaram ótimos e com um final muito bom, surpreendente. Mas aí começou a correria. Escolher atores, locações, figurinos, os objetos e tudo mais que ajudasse a remeter à época da inquisição. Pois bem, a Bruna agora provava que sua direção de arte realmente era muito boa e com a ajuda do pessoal fez um trabalho memorável.
"E aí, a Mariana vai ser a Bruxa, a Fer pode ser a filha dela. Precisamos de um padre..."
É, Deus me deu essa carinha redonda e inocente pra isso mesmo. Eu fui escalado como padre. Até então eles não sabiam de um pequeno defeito meu (que contarei daqui a pouco).
O estúdio Kaiser foi uma escolha geral do pessoal, lá tinha um clima macabro que era mais ou menos o que a gente queria passar. A camera ainda era um problema, não queríamos repetir o feito que foi filmar o "Luxúria" com VHS e arrumamos uma digital um pouco mais power. Não muito. Mas era o que tínhamos. Aliás, parabéns pro Cardoso Jr. que sem tripé até que conseguiu não tremer muito durante os planos.
Pra ser sincero não lembro de muito mais, mas o dia da gravação em si foi inesquecível. Fui de busão pro estúdio, no caminho fui decorando ou não as falas. Chegamos lá morrendo de medo (eu, pelo menos) de levar um safanão. Sei lá, parecia que a gente tava fazendo coisa errada. Hihi. fomos procurar bons locais pra filmar, arrumamos e depois fomos nos arrumar. Figurino e maquiagem (inclusive em mim, porque claro, bem naquele dia resolve nascer uma espinha muy amiga no meio da testa). Até que ficamos convincentes, paramos pra tirar fotinhas (pra capa, poster e por diversão) e do nada, assim DE REPENTE surge um velhinho.
o.o
Infartamos todos. Mas ele era um tio aí do meio cinematográfico, viu que a gente ia filmar e foi lá tirar umas fotos. Tirou 50 milhões de fotos. Só das meninas. É, dó da Má, da Téf, da Fer e da Bruna.
Filmamos incansavelmente o dia todo. Levamos muito mais tempo do que o esperado e tudo isso por que? Porque a anta do padre não decorava de jeito nenhum as falas! E pra piorar travava assim que a camera apontava pra ele. Odeio falar em terceira pessoa, mas ai, esse padre foi tão idiota que eu me desapeguei dele. O mais incrivel: no ensaio ele era o ser mais maligno do mundo, como deveria ser de acordo com o roteiro, mas era só ligar a camera e... e... e... eu travava. Pobre Fer que ficou lá horas segurando a forca com um modelito sãper sexy. Por falar nela, as cenas dela ficaram ótimas como menina cega (quando exibimos o filme, todo mundo perguntou "Fer, por que você fica olhando pro nada?" "PORQUE EU ERA CEGA!" hehe).
AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHH
Eu já tava esquecendo a coisa mais épica desse curta. Fomos filmar o inicio, da freira Bruna indo conversar desesperada com o Padre.
CJ- "Vem correndo, faz um drama e grita pelo padre. GRAVANDO"
*Bruna vem correndo e... CAI escada abaixo. Todos atônitos olhando. João continua a cena.*
xD
Mas não aconteceu nada grave, eram só 4 ou 5 degraus.
Enfim, foi um dia cansativo, traumatizante, mas serviu pra gente aprender que fazer um curta exige sacrifícios e não é só festa e alegria (a não ser que você esteja gravando "TPM", mas isso é mais pra frente).
Pouco tempo depois era o dia da apresentação, não foi grandiosa como a sessão pipoca e desde quando essa coisa é grandiosa?, mas deu orgulho de ver que deu tempo de editar. Aliás, foi aí que aprendi que a edição faz milagres. Ainda mais na mão de um milagreiro. Lucas, mais conhecido como Pinda. Fez uma intro mó massa.
O curta em si é cheio de pequenos defeitos, tipo a freira que usa allstar, uma igreja com só 5 fiéis um deles o próprio carrasco, etc. Mas ahn, outras coisas chamam atenção e aqui fica o meu espanto: Elogiaram loucamente minha atuação. É, pasmem. Ok, nem foi tanto assim, mas já é muito mais do que eu merecia. Eu quase acreditei. Só que (futuramente vocês vão entender porque) minha carreira como ator foi por água abaixo depois disso. Já a da Má, a incrível bruxa esperta e levada, só cresceu e arrecadou muitos curtas no currículo. (A da Bruna e da Téf eu nem comento que já é covardia.)
Assim meu círculo de amizades começou a crescer e ficar cada vez mais forte. Eu não tinha idéia que, bem ou mal, estaria agora conectado de um jeito muito forte com cada uma dessas pessoas. E a maioria delas só tenho a agradecer.
Pra não perder o costume, a frase que marcou o curta foi, de longe:
"Porra Grande Mãe!"
(juro que é coincidencia terem palavrões nas frases)
Próximo: Um final de semana muito louco cheio de altas armações em Serra Azul.
Narrador da Sessão da Tarde sobre "A Correnteza".
PS: Não vou falar mais porque o post já tá enorme... mas se a equipe comentar aí, pode ajudar a lembrar mais acontecimentos fatídicos durante a produção desse curta ;D