quarta-feira, 21 de março de 2012

Aventuras Aleatórias Cap. 1

Negro Gato

Zadok estava cansado da vida dupla que levava. Era oficialmente um empregado do governo na colônia dos anões, mas levava uma vida secreta como gatuno, numa tentativa de vingar-se da hipocrisia daqueles pequenos seres que diziam contratar humanos pra trabalhar dignamente como iguais, mas apenas rebaixavam-nos com tarefas humilhantes. Zak, como era chamado pelos colegas de trabalho, aturava com um falso sorriso as brincadeiras dos anões e com uma expressão ainda mais falsa de preocupação quando lhe contavam que algo que muito estimavam fora-lhes roubado.
Decidiu dar um basta em toda essa falsidade aplicando seu maior golpe, o qual vinha planejando já há algum tempo. Dentro da sede secundária do governo muito ouvia-se falar da jóia do tempo, uma pedra nada valiosa que tornara-se especial após ser enfeitiçada por uma sacerdotisa do tempo e agora tinha o incrível poder de controlar o tempo. “Bobeira sem sentido” diziam os anões céticos, que nunca foram criaturas focadas em magia, confiando em sua tecnologia. Pois bem, Zak só precisava de uma desculpa para cair fora dali e decidiu que essa seria a oportunidade. Não muito simples, contudo.
No dia escolhido, acordou de bom humor, colocou a comida do Zayd, seu lince-anão, vestiu o uniforme e verificou sua agenda eletrônica, lá constava: “Motorista”. Chegando ao trabalho, foi até a garagem e entrou no carro luxuoso reservado às figuras políticas e quando saía dirigindo pelo portão, a pequena figura que ele aguardava surgiu. Ao lado de um segurança, que abriu a porta do veículo pela qual ela entrou, pequena e esverdeada como sempre.
_Bom dia, senhorita Ximena. O tempo está bom para um…
_Bom dia._ respondeu a anã secamente dando a entender que não queria papo. Aquilo tornava tudo ainda mais divertido. Tratava-se da filha do rei dos anões, que comandava as coisas na colônia enquanto o pai tomava conta da capital, para onde iriam. Ela era a suposta possuidora da jóia do tempo. Focada em um pequeno espelho, ela nem trocava olhares com ele, apenas ajeitava com as mãos o curto cabelo cheio de mexas verdes. “É uma boa idéia pra tirar a atenção dessa sua cara horrorosa!” pensou o humano na primeira vez que a viu. Ele ajeitou os óculos escuros quando notou o forte brilho do mar encosta abaixo refletindo o sol.
Foi mais ou menos aí que Ximena ficou inquieta, trocando olhares raivosos com Zak pelo retrovisor e pouco antes dele manobrar o carro em alta velocidade pra fora da pista, o que ele pensava agora poderia causar sua morte instantânea, a anã berrou do banco de trás.
_Mais atenção aí na pista, rapaz. Tenho certeza que nossas famílias ficariam arrasadas caso nosso carro resolvesse dar um mergulho.
Era verdade então, a jóia do tempo era real. Era hora do plano B.

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