quarta-feira, 28 de março de 2012

Aventuras Aleatórias Cap. 2

Mascote

_Claro, madame.
Bastou a pequena olhada de Zak para trás. Apareceu de repente do outro lado da curva, descendo a serra em alta velocidade, um outro veículo. Pé no freio. Carro derrapou. Bolsa escapou. Milhares de objetos voaram. Respirações ofegantes e aliviadas ao perceber que tudo estava tão bem quanto possível, o carro deles próximo ao penhasco.
Esperando pelo grito que não veio, virou-se no banco e ajudou Ximena a recolher seus pertences e colocar tudo de volta na bolsa. Quase tudo.
Restabelecida a viagem o humano avisou a anã que precisariam parar em alguma estação de energia pela estrada para reabastecer o carro, notícia que foi recebida com um visível desgosto. Logo viram a grande placa da estação que estampava um tigre humanoide perto de um vilarejo e Zak estacionou ao lado de uma das fontes de energia.
_Quer alguma coisa da conveniência, madame X?_ Ele sorria. Sem resposta, desceu do carro e conectou o cabo no receptor do automóvel e enquanto o reabastecimento era feito, rumou para a lojinha de aspecto abandonado. No caixa estava quem devia ser o dono, o tal tigre, e mais ninguém. Zak perguntou com um aceno simpático:
_Tem banheiro?
_Nos fundos._ Soou a voz grave e ronronante_ Não está em excelentes condições, mas um humano como você deve estar acostumado, hehe.
_Obrigado._ Ajeitou o quepe e foi até o local indicado. Reparou que depois da porta do banheiro tinha um pequeno corredor que levava à porta dos fundos e para lá se encaminhou. Na garagem bagunçada havia uma ciclétrica enorme, se comparada aos veículos que costumava dirigir na cidade dos anões. Duas mexidas nos comandos elétricos e já estava montado em cima do seu novo meio de transporte ligado, testou o equilíbrio, verificou o bolso, examinou melhor aquela pedra simples e cinza com musgos “Por que diabos chamam isso de jóia?”, guardou-a novamente, vestiu o capacete com cheiro de zoológico e partiu rumo à sua liberdade, rumo à sua nova vida.
Antes de seguir viagem foi pra casa cauteloso, afinal a pequena e raivosa polícia anã já deveria estar atrás dele, mas Zak não pretendia abandonar Zayd. Tirando sua mascote, não queria levar mais nada que lhe lembrasse o que ele já chamava de velha vida. De longe notou que não havia ronda policial, mas tinha certeza que eles teriam tecnologia disponível para denunciá-lo caso tentasse entrar e pra sua sorte o pequeno lince dormia tranquilamente no jardim, Zak buzinou e as orelhas de Zayd tremeram um pouco antes dele abrir os olhos.
_Vem garoto._ chamou ele batendo na própria perna e o animal correu a seu encontro. Assim que subiu na ciclétrica e ajeitou-se no colo do dono, exclamou:
_MUITO LOUCA ESSA TRETA! Com certeza ela corre mais que as mini viaturinhas desses babacas que estavam rondando por aqui. Eu fiz um ótimo papel de bichinho abandonado pelo dono insensível, de nada.
_Não vamos mais nos preocupar com anões, Zayd. Vamos pra lá das montanhas onde os humanos é que dominam.

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